segunda-feira, 24 de abril de 2017

Por que insistir?


Porque você insiste? Não vê que isso faz com que eu também insista!? Eu te disse pra ir embora, depois disse que poderia ficar, que tudo bem... Mas é como você disse: não está nada bem. Eu gosto de te querer por perto, gosto de achar que não me desvalorizo quando me permito falar com você como dois amigos. Quem estou enganando? Eu é que não sou. Na real, não engano ninguém, você também não acredita, eu sei.
Obviamente demorei pra notar que elevamos essa relação a patamares diferentes, como sempre, sou muito boa nisso e melhor ainda em vir aqui escrever quando a verdade é patética demais pra ser dita olho a olho. Mas é que minha barriga ainda gela quando vejo seu nome na tela do meu celular e meu olhar ainda te encontra nos caras que usam um boné igual o seu.
Eu previ que seria desse jeito, mas não podia me privar disso porque sou dominada por esse instinto idiota (às vezes) de fazer o que eu quero pensando só no hoje. Acontece que o hoje se tornou ontem, se tornou semanas atrás e ainda não aprendi a lidar com isso sem te ver em outros caras. Porque você foi embora, mas eu ainda te ouço e ainda não compreendo como você faz pra que tantas mentiras pareçam verdades.
Tudo que eu te mostrei foram verdades, acreditei na reciprocidade. Não me ache ingênua por confiar em alguém tão inconstante, eu confiei foi na minha intuição que me dizia que sua franqueza era algo raro e que merecia uma porta aberta. Me diz agora como eu fecho essa porta, como eu me fecho definitivamente pra você? Porque você não vem, mas se viesse eu te aceitaria e isso é ridículo de muitas formas, mas mesmo assim aceitaria.
  

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Meu motivo

Não quero voltar para casa, não quero lidar mais uma vez com a angústia de me despedir, viver aquele sentimento inexplicável de que eu não devo sair de lá, de que o mundo do outro lado da divisa daquela cidade não me faz bem. Não quero voltar para casa e sentir que eu nunca deveria ter saído da minha zona de conforto, esconder meu olhar reflexivo dos meus pais pra que eles não sofram comigo, mas a verdade é que eles me decifram sem precisar que eu os encare.
Não querer dizer oi pra não ter que dizer tchau é talvez a sensação mais estranha que já habitou em mim. Meus amigos de longa data já notaram que meu amor por isso aqui é tão enorme que tem sido maior do que meu amor por mim mesma, e eles não consideram isso saudável, eu também não. Mas escolhi estar aqui sabendo que não seria a fase mais simples da minha vida, confesso que me surpreendi, as pessoas me surpreenderam negativamente, é claro, afinal eu vim esperando o melhor.
Meu semblante demonstra tão pouco assim, será? Eu amo tanto tudo o que eu faço, no entanto tenho sido pouco fiel a mim mesma e isso me preocupa. Preocupa porque eu me deixei ser machucada demais, preocupa porque me importei pouco comigo e porque ninguém fez esse trabalho por mim. Ainda não me acostumei com esses jogos, com esses interesses desinteressados e com esse número absurdo de espaços preenchidos por vazio no mundo.
Mas mesmo em meio a tanta bagunça, gosto quando reconheço em mim aquela velha e boa persistência, que foi sempre meu maior defeito e qualidade, é o que me trouxe aqui e é o que me impede de ir embora. Defeito para meus amigos que me querem longe disso tudo, qualidade pra mim que teria dado ouvido a eles se eu não fosse tão guiada pelo que não faz sentido por quem vê de fora.
Só não volto para casa agora porque decidi ir até o fim, não se enganem, eu amo o que faço, já disse. E nenhum mau vai me desviar do meu motivo. Meu motivo é gigantesco, tanto que não consegui explicar até hoje, eu apenas sinto. Meu motivo é o que me refaz todas as noites quando penso no dia difícil, quando relembro todos os passos que antecederam a essa fase. Meu motivo é meu melhor amigo e companheiro nas madrugadas, toda vez que vou pra casa, na despedida é ele que me traz de volta pra cá.





terça-feira, 4 de abril de 2017

Sem mais desculpas

Preciso aprender a ouvir minha mãe quando ela diz pra eu não abrir a minha vida pra alguém que eu não conheço, mesmo que eu me sinta bem ao lado dessa pessoa, se eu não conheço então não deveria dar livre acesso. Se eu te conhecesse saberia que você distribui desculpas como se fossem "bom dia" para estranhos simpáticos na rua, e se eu soubesse disso, não teria aceitado todas as vezes que você disse que sentia muito, porque você não sente.
Preciso aprender também que demonstrar sentimentos bons pra quem não compreende a minha dificuldade em expressar verdades olho no olho, é perda de tempo e perda de mim mesma. Eu quase me perdi nas suas palavras, quase permaneci acreditando nelas, quase mostrei mais de mim mesma pra você, quase te contei que eu não sou só sorrisos, que na verdade você sempre teve o privilégio dos meus sorrisos, porque há muito eu não simpatizo com o mundo.
Aliás, de quantos mundos estamos falando? Porque pra mim é claro agora que somos de planetas distantes. Eu, na maioria das vezes, não sei o que falar, diferente de você que tem a resposta de tudo, quase sempre colocando o outro na posição do erro. Confesso sim que eu errei, ter você por perto foi uma sucessão de grandes erros, começando com o dia que não te apaguei da minha mente logo após te conhecer.
Mas você também errou, nós não somos amigos, e mesmo que fôssemos você não perceberia porque sua visão está focada em você, apenas você. Sem essa de que eu não sei me comunicar, você é que não sabe ouvir. Mas obrigada por me lembrar que confiança não deve ser depositada fácil assim, e fraquezas não devem ser compartilhadas como eu fiz com você.