sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Ser normal é chato


Como não respirar esse tema? Como não problematizar as consequências da aceitação? Me diz como eu poderia não ser vinte e quatro horas por dia esse assunto, sendo que estou sete dias por semana sentada aqui? E eu seria dramática estando ou não nesse lugar, eu me lembro de já ter esse lado teatral aos quatro anos de idade. Todo o dia eu faço uma descoberta a respeito de como uma cadeira é vista, do lado de fora e do lado de dentro. Atípico pra mim é quando não me olham, e ainda estranham por eu falar tanto sobre isso? Eu não acredito em acaso - o nome desse blog também não foi um -, tudo que me foi dado pra enfrentar tem seu propósito, e vejo isso sempre como um crescimento. Continuarei falando sobre isso pra poder continuar crescendo com isso, mas não confundam, eu não estou bitolada achando que meu mundo é só a cadeira de rodas, perco as contas de quantas vezes no dia ao olhar pra baixo, me assusto ao lembrar que estou sentada e não andando em pé como os demais, porque a cadeira não é o que me compõe, não é o que me faz, é o que me ensina. A cadeira é minha professora e eu sou a aluna que, às vezes, ao invés de aprender a lição, estou distraída ao celular, mas que quando começa a tirar notas baixas, se atenta mais e retoma ao papel de aprendiz. É isso que eu sou, uma aprendiz, por isso não cobre de mim uma maturidade que eu não preciso ter, que talvez eu nunca precise. Aprender a ser diferente numa sociedade que prega a beleza da diferença, enquanto tudo o que você queria é ser igual, não é fácil. Se eu chegar num ponto em que eu saiba como responder a todos os curiosos, e passe por toda situação constrangedora sem me constranger e pare de me incomodar com os obstáculos nas ruas, então, quando isso acontecer, todo o sentido se perderá e estar sentada aqui já não trará mais atribuições! Se esse é o meu lugar, que seja pra fazer de mim uma pessoa nova todos os dias, por isso se você não gostar de mim hoje, me conheça de novo amanhã.

P.s.: recebo mensagens de pessoas que passam por situações parecidas e depois de verem os textos, se olham de forma mais confiante. Saber que alguém que precisa dessas palavras está em algum canto do Brasil me lendo e sendo ajudado(a), é o que me faz continuar escrevendo aqui pra todos e não num caderno escondido no quarto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário